Dedo em Gatilho

A partir da região da prega distal da mão os tendões flexores são presos aos ossos por estruturas chamadas de polia. Isso é importante para que quando realizarmos flexão e extensão os tendões continuem tensos e o movimento tenha força.  

Em algumas pessoas ocorre alteração no deslizamento entre o tendão flexor e a polia A1, e com isso a movimentação deixa de ser suave e ocorre travamento. Essa patologia é o que chamamos de Dedo em Gatilho ou Tenossinovite estenosante.

A maior parte das vezes ocorre devido a hipertrofia ou inflamação no tendão, na polia ou em ambos; mas em alguns casos pode haver um cisto atrapalhando a movimentação.

É mais comum em mulheres do que em homens, e doenças como diabetes, artrite reumatóide e gota são fatores de risco.

O diagnóstico é clínico, feito na consulta a partir da anamnese e exame físico (vejam no vídeo que o quadro é bem típico) e complementado com ultrassonografia.

O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico.

O tratamento conservador é a 1ª escolha na maioria dos casos e consiste em:

  • Infiltração 
  • Uso de órtese noturna, 
  • Reabilitação.

A infiltração é um procedimento médico realizado em ambiente ambulatorial. É utilizado corticóide com anestésico local, e a infiltração é realizada entre a polia A1 e o tendão.

A órtese deve ser feita sob medida e deve ser removível. Não está indicado uso constante e prolongado da órtese devido ao risco de desenvolvimento de rigidez articular.

A reabilitação deve ser feita por fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional com experiência em reabilitação de mão.

Na falha do tratamento conservador e no gatilho grau IV ( falarei da classificação mais abaixo) está indicado o tratamento cirúrgico. O procedimento consiste em realizar a secção da polia A1 e consequente liberação do tendão. Como temos 5 polias anulares e 3 polias cruciformes, a liberação de apenas 1 polia (A1) não traz déficits funcionais.

A cirurgia pode ser percutânea ou aberta. Na cirurgia percutânea uma agulha grossa é introduzida através da pele e movimentada longitudinalmente para seccionar a polia.

Na cirurgia aberta é realizado uma pequena incisão ( pode ser transversal ou longitudinal), visualizado a polia e realizada a secção.

Opinião pessoal: Não utilizo o método percutâneo. Há estruturas nobres na região (nervo digital, artéria digital e tendão flexor) e o risco de lesão não se justifica. A cirurgia aberta é realizada com incisão pequena e a cicatriz na maioria das vezes é pouco perceptível.

Classificação de Dedo em Gatilho

*Classificação de Green

I – Pré gatilho. Apenas dor na topografia da polia A1, sem engatilhamento.

II – Presença de engatilhamento, com extensão ativa. Paciente consegue esticar o dedo

III A – Presença do engatilhamento, extensão apenas passiva. Paciente precisa ajudar com a outra mão para esticar o dedo.

III B – Similar ao IIIA, porém a alteração é para realizar flexão do dedo.

IV – Gatilho fixo

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